nos momentos vazios realmente gostas da tua companhia?

Não me interessa saber como ganhas a vida.
Quero saber o que mais desejas e se ousas sonhar em satisfazer os anseios do teu coração.
Não me interessa saber tua idade.
Quero saber se correrias o risco de parecer tolo por amor, pelo teu sonho, pela aventura de estar vivo.
Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com a tua lua.
O que eu quero saber é se já foste até o fundo da tua própria tristeza, se as traições da vida te enriqueceram ou se te retraiste e te fechaste, com medo de mais dor.
Quero saber se consegues conviver com a dor, sem tentar esconde-la, disfarça-la ou remedia-la.
Quero saber se és capaz de conviver com a alegria, de dançar com total abandono e deixar o êxtase penetrar até a ponta dos teus dedos, sem nos advertir que sejamos cuidadosos, que sejamos realistas, que nos lembremos das limitações da condição humana.
Não me interessa se a história que me contas é verdadeira.
Quero saber se és capaz de desapontar o outro para te manteres fiel a ti mesmo. Se és capaz de suportar uma acusação de traição e não trair a própria alma, ou seres infiel e, mesmo assim, seres digno de confiança.
Quero saber se és capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia, ainda que ela não seja bonita, e fazer dela a fonte da tua vida.
Quero saber se consegues viver com o fracasso, e ainda assim ficares de cabeça enguida.
Não me interessa quem conheces ou como chegaste até aqui.
Quero saber se vais permanecer no centro do fogo sem recuar.
Não me interessa onde, o quê ou com quem estudaste.
Quero saber o que te sustenta, no teu íntimo, quando tudo se desmorona.
Quero saber se és capaz de ficar só contigo mesmo, e se nos momentos vazios realmente gostas da tua companhia.

In, algures.

Neta